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  • Foto do escritorLucas Schuch

A publicidade esgota os assuntos rápido demais.

É lógico que você já sabe o que é o Clubhouse então eu nem vou gastar tempo com isso. Se você acompanhou qualquer timeline nos últimos dias, e você obviamente é da indústria criativa para estar lendo esse texto (eu imagino), você também viu palavras associadas a essa nova rede social como exclusividade, FOMO e hype.


Pois é, o primeiro grande capítulo dessa história é esse gatilho de escassez que a rede criou iniciando apenas para usuários de iPhone e com convites. Sobre esse ponto, é curioso como a gente conhece como essa salsicha é feita, e ainda assim nos deixamos enganar facinho. É lógico que, mesmo iOS sendo um dos sistemas mais usados no mundo, o mais utilizado por celebridades é inegavelmente o iOS, portanto, a estratégia de ter celebridades lá torna tudo mais exclusivo, e dá mais vontade de você estar numa sala trocando áudios com seu ídolo. Mas esse é só uma das estratégias que a gente sabe como funciona e ainda assim a gente é super influenciado por ela. E é essa influência que mais tá me gerando sentimentos opostos. Digo isso baseado em como na minha bolha publicitária (e eu tenho certeza que na sua também) começou a ser invadida por esse assunto. Todo mundo quer estar lá (e boa, zero críticas sobre isso, eu também quero estar, assim que não precisar de um celular de 7k pra estar lá rsrs), mas a minha crítica é ao uso excessivo por pessoas de publicidade e como isso acaba virando um linkedin com voz. A publicidade (leia-se a indústria criativa) tem esse poder de esvaziar assuntos rápido demais sem dar tempo pra eles amadurecerem e ganharem outras comunidades. Os usuários que eu vi (e eu entendo que tava olhando só pra minha bolha, lógico) tava envolvida com grupos de conversa sobre ebook, leads, insights, monetização... e mesmo quando era sobre, sei lá, roteiro de cinema, era pra fazer networking com alguém por oportunidade de trabalho. Eu sinceramente achei que quando tivessemos uma rede social exclusiva de áudio a gente teria ASMR de Porn Food, ou competição de imitação de focas, ou ainda pessoas lendo literatura de cordel, não que fosse todo mundo se jogando na pequena área querendo aparecer mais que o coleguinha pra uma oportunidade de emprego - o que é um traço muito sintomático de um mundo do trabalho precarizado né. Mas uma segunda grande treta que eu tô acompanhando, é a dualidade que isso tá gerando nas pessoas dessa indústria. Me parecia estarmos caminhando pra um lugar de uso consciente da internet: os conceitos de slow content, uso consciente de dados e tudo mais. E o movimento mais curioso que eu vi foi de pessoas que pregam o Slow Content, pedindo um convite desesperadamente. É possível ser slow content e early adopter ao mesmo tempo? Talvez até seja. Longe de querer de levantar um "enfim a hipocrisia" aqui. Mas o ponto é: a gente conhece esses gatilhos e estratégias. A gente sabe porque é só pra usuário de iPhone, porque é com convite. A gente tá na internet desde antes do novo Orkut. Pq um hype desses faz a gente abrir mão dessas crenças? E uma última percepção apressada sobre isso (apressada porque não tem nem dois dias né, nem deu tempo de saber o que isso é ainda). Mas nós somos a indústria que cria o hype, e depois cria a sigla FOMO pra combater. A gente cria mais rede sociais, pra depois inventar o slow content. A gente cria a ansiedade pra vender o ansiolítico. De novo, eu não tô aqui só pra criticar o capitalismo não rsrs (vivo nele e vamo aí), mas o ponto é: nós criamos isso, os esvaziamos de sentido, e depois reclamamos que: "putz pena que a rede cansou né". Ou ainda, a gente cria o conteúdo pra dizer: "não precisamos criar pra todas as redes" e também criamos "precisamos monetizar esse conteúdo pra essa nova rede". Eu sei, é da natureza do ser humano reclamar, tanto que esse texto é só mais uma reclamação, camuflada de conteúdo. Mas que bom que você chegou até o fim, tem que acabar o texto de blog na internet. :)

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